Justiça Energética - Pesquisa de Opinião Pública
- Contribuições Técnicas
- 15 de junho de 2024
Por: Instituto Pólis
Conta de luz está deixando as famílias brasileiras mais pobres
Dados inéditos de uma pesquisa do IPEC, encomendada pelo Instituto Pólis, mostram que 36% das famílias gastam metade ou mais da sua renda mensal com energia para cocção de alimentos e energia elétrica, comprometendo excessivamente o orçamento doméstico.
Diante da ampla defesa de que a energia elétrica seja assegurada como direito fundamental garantido pelo Estado brasileiro, e com a percepção de que as famílias de baixa renda devem ter prioridade em programas governamentais para acesso a esse serviço, a população brasileira reconhece a insuficiência da atual Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE) e defende a noção de justiça tarifária para combater a pobreza energética e as desigualdades.
Justiça energética e demandas da população
A pesquisa foi realizada entre os dias 22 e 26 de julho de 2023, com duas mil respostas de todo o país, tendo intervalo de confiança de 95% e margem de erro de 2 pontos percentuais.
Para 84% dos(as) brasileiros(as), a energia elétrica deveria ser um direito fundamental garantido pelo Estado. A maioria defende que a falta de capacidade de pagamento da conta de luz não deve sujeitar as famílias inadimplentes a cortes de fornecimento, visto que o acesso à energia elétrica deveria ser assegurado como direito inviolável.
A conta de luz entre os maiores gastos das famílias
Gastos com alimentação e energia são os que mais impactam o orçamento doméstico para metade das pessoas entrevistadas. Nas regiões Norte e Nordeste, a energia elétrica é o item que mais pesa para as famílias.
6 a cada 10 famílias da classe D/E, com renda domiciliar de até 1 salário mínimo, declaram que a conta de luz do seu domicílio está atrasada. 25% dos brasileiros dessa faixa de renda declaram inadimplência, especialmente nas regiões Norte.
A pesquisa também aponta que mais da metade dos entrevistados inscritos no CadÚnico, beneficiados por programas sociais, e que se autodeclaram negros ou pardos, enfrentam dificuldades para pagar a conta de luz em dia. 30% dos entrevistados relatam que, para conseguir pagar a conta de luz, precisam reduzir ou deixar de adquirir alimentos básicos e bens de consumo.
Reduzir a conta de luz para garantir alimentação
50% das famílias apontam que, se houvesse redução da conta de luz, o dinheiro liberado seria utilizado para comprar alimentos básicos. No Nordeste, essa proporção sobe para 62%, enquanto entre as famílias da classe D/E, com rendimento familiar de até 1 salário mínimo, o índice chega a 64% e 66%, respectivamente.
Apoio a programas de combate à pobreza energética
A pesquisa revela que 7 em cada 10 pessoas acreditam que as famílias de baixa renda deveriam ter prioridade em programas que garantam acesso à energia elétrica. 71% dos entrevistados apoiam a criação de políticas públicas voltadas ao combate à pobreza energética.
TSEE é fundamental, mas insuficiente
57% da população considera que a Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE) é insuficiente para reduzir o peso da conta de luz no orçamento das famílias mais pobres. Quando questionados sobre a implementação de uma política tarifária complementar à TSEE, 40% dos entrevistados acham justa essa solução.
Compreensão da composição da conta de luz
44% dos entrevistados apontam que impostos e tributos federais, estaduais e municipais são os principais fatores que aumentam a tarifa de energia elétrica. No entanto, muitos brasileiros desconhecem a composição e o destino da tributação, e como isso afeta o cálculo da conta de luz.
4 a cada 10 entrevistados compreendem que os impostos e encargos são destinados, principalmente, para subsidiar programas como o Luz para Todos e a Tarifa Social de Energia Elétrica, além de compor o orçamento dos Estados, via o ICMS.
Subsídios para combate à pobreza energética
89% dos entrevistados concordam que os encargos da conta de luz devem ser utilizados para subsidiar programas voltados à universalização do acesso à energia elétrica, como o Luz para Todos e o desenvolvimento de fontes renováveis.
Proposta de Tarifa Social Justa
Para reduzir em 59% a conta de luz da população de baixa renda, o Instituto Pólis propõe uma política complementar à TSEE, isentando esses consumidores do pagamento da Tarifa do Uso do Sistema de Distribuição (TUSD). A proposta visa liberar renda para que os brasileiros possam priorizar necessidades básicas, como alimentação.
Essa política é apoiada pela percepção popular de que a energia elétrica deve ser tratada como um direito fundamental, e que as famílias de baixa renda devem ter prioridade em programas que garantam acesso a esse serviço.
Para acessar os dados completos sobre justiça energética, baixe aqui o arquivo!
Justiça Energética – Pesquisa de Opinião Pública
Justiça Energética – Pesquisa de Opinião Pública Contribuições Técnicas 15...
Leia maisDiagnóstico do Risco Socioambiental do 4º Ciclo da Oferta Permanente da ANP
Diagnóstico do Risco Socioambiental do 4º Ciclo da Oferta Permanente...
Leia maisAnálise dos recursos disponíveis e necessários para universalizar o acesso à energia elétrica na Amazônia Legal
Análise dos recursos disponíveis e necessários para universalizar o acesso...
Leia mais